Resumo do Ocidente Antigo comercialmente
O tema do livro é economia e sociedade como se refere o seu
título, abrangendo um período aproximadamente do século X a.C. ao V d.C.,
falando da civilização greco-romana, isto é , a Grécia propriamente dita e a
Península Itálica.
Falando de Grécia Antiga foca-se normalmente nas
cidades-estados com Atenas e Esparta, mas a autora lembra bem que esta parte é
o apogeu desta civilização denominado era clássica. O que temos de documentos
disponíveis é basicamente sobre Atenas, e a dificuldade está na fragmentação ou
na falta de unidade política até por causa da geografia local. Cada cidade
tinha seu ritmo próprio.
Ela caminha pela História desde os micênicos, a era
Homérica, através dos poemas Ilíada e a Odisséia, que deixam informações de uma
estrutura familiar chamada de OIKOS que eram formados por um chefe guerreiro,
os outros da família e também pelos servidores, escravos; os bens imóveis: a
terra e as casas; e os bens móveis: ferramentas, armas, gado e etc, dos quais
dependia a sobrevivência dos grupos.
Eram muito comuns os OIKOS mais próximos se ajuntarem para
assaltar localidades roubando lhes os bens e tomando mulheres e crianças como
escravos. A movimentação econômica sobrevivia de pilhagem e saques.
Neste período havia os escravos privilegiados que tinham a
confiança de seus senhores, e acima disso apesar da situação de ser propriedade
de outros ele possuía a proteção do seu senhor.
Pior situação era o Teta que apesar de ser um homem livre
não tinha posses e não tinha proteção de ninguém e trabalhava por seu próprio
sustento, vagando sem provisões nem abrigo certo.
Havia também os Demiurgos que eram artesões que apesar de
não terem posses, tinham uma posição privilegiada por causa da sua
especialização, como médicos, profeta, arquiteto e outros.
O grego nutria sentimento contraditório pelo trabalho,
admirando apenas os trabalhos habilidosos. Neste patamar de sociedade o poder
estava nas mãos dos grandes proprietários de OIKOs, que formavam uma
aristrocacia fechada e reforçando sua união com laços de parentesco.
Cada OIKO destes eram independentes, pois o comércio neste
período ainda era mal visto, então com isso produziam de tudo, pois o que
faltava era trazido na forma de pilhagem ou saque.
Foi só no período Arcaico que começou esta visão de cidades
poles se consolidando pelo resolver ‘viver junto’, uma noção de cidadão participante,
membro integrante da comunidade, a noção de escravo mercadoria e do
estrangeiro. As leis são codificadas, o cidadão vai deixando o campo para
participar da política, todos estes movimentos acontecem através de
dificuldades e tensões, sendo obtidas estas transformações com grandes esforços
e conflitos. Também devemos salientar que a criação destas cidades poles
deve-se a geografia local de montanhas e vales e pela dificuldade de
comunicação.
Os grandes proprietários forma ficando mais ricos e poderosos
emprestando aos mais pobres em trocas de parte de suas colheitas e depois dos
que não conseguiam pagar, a tomada de suas terras ou até assumir a posição de
escravo.
Com esse quadro grave começou um movimento de colonizações
de grupos que a única saída encontrada era sair juntos a tomar outras terras
levando seus costumes e comercializando com outros povos e os escravizando.
Essas colônias são chamadas apoikia e o emporion que tinham formas diferentes
de se estabelecerem.
Quando a crise agrária em Atenas chegou ao ponto extremo,
foi escolhido Sólon que empreendeu uma série de reformas, basicamente, a
proibição da escravidão por dívidas para os atenienses, acabando com os
hectomoro; eliminação das dividas existentes e retorno à pátria e dividiu em
quatro categorias os cidadões: pentakosiomédimnoi, hippeis, zeugitai e os
tetas.
Vale ressaltar que esta divisão é de caráter econômico e não
de nascença, e também começa a criar-se o aparato militar. Depois de Sólon que
criou a noção de comunidade e fortaleceu os pequenos camponeses em romper com a
aristrocacia, veio Psístrato (560-628) que criou o crédito agrícola, distribuiu
aos camponeses as terras confiscadas e favoreceu aos cultos populares. Logo,
após Clístenes criou uma constituição democrática solidificando assim o poder
comunitário.
Na época clássica Atenas criou três categorias de
indivíduos: os cidadões atenienses que tinham todos os direitos possíveis, os
metecos que eram livres, mas não podiam ter patrimônio e nem possuíam direitos,
e os escravos que eram patrimônio dos seus donos, apesar de que na sociedade
atenienses ser um escravo ás vezes era melhor do que ser um meteco que também
dependia da proteção de um cidadão ateniense. Com o tempo viu-se irromper
várias crises e conflitos entre estas classes e até mesmo dentro delas, houve
novas reformas, mas não impediu o declínio da Grécia Antiga.
A Roma Antiga segue o mesmo inicio dos gregos, sendo que uma
das diferenças mais latentes é enquanto os gregos havia muitas cidades polis,
os romanos centralizaram tudo numa única cidade.
A organização social romana dos primeiros tempos vem de um
possível antepassado comum que no lugar de oikos tínhamos os GENS com seus
pater famílias (pai de famílias) com os mesmos poderes dos proprietários dos
oikos. Estes GENS tinham as clientelas que auxiliavam nas guerras e
financeiramente enquanto o patrono representava esta clientela nos tribunais.
Foi na República que se constitui o Senado e a divisão entre
patrícios e plebeus, a realeza etrusca foi derrubada por causa da tirania de
Tarquínio e as oligarquias tomaram poder. O Estado romano era agrícola e foi
com as conquistas militares que se criou ager publicus, denominação as
propriedades que ficaram nas mãos do Estado e ele cedia ou alugava conforme
fosse sua conveniência. Neste tempo diminuem-se os pequenos proprietários, a
cena rural era dominada pelos grandes que incorporavam aos seus domínios até o
ager publicus, o sistema agrícola visava à auto-suficiência e o comércio
urbano.
No campo ou na cidade homens livres como escravos
trabalhavam, a cidade era apenas uma extensão do campo, no fim da República
houve um grande desenvolvimento da pecuária e começou o latifúndio de terras.
A escravidão que cresceu muito com as conquistas
territoriais romanas foi tomando todo espaço na vida diária, existia uma
diferença grande entre ser um escravo na cidade e ser um escravo rural que
muitas vezes vivia vida quase subhumana, neste espaço de tempo nasceu as
grandes revoltas dos escravos rurais que abalaram a República. Foi acentuado
também o crescimento de desocupados pela cidade, pessoas livres que perderam
suas propriedades, e isso refletia até no alistamento para as guerras, pois sua
posição na hierarquia dependia muito do seu poder econômico.
Com a chegada do Império houve vários conflitos pelo poder
dentro do próprio Senado, soldados eram fiéis aos seus Generais, então Augusto
para acalmar as tensões fez algumas reformas como: criar um exército
profissional, liberar os camponeses da guerra, criar fiscais de tributos do
Estado e revitalizar o Senado com uma participação maior das outras cidades que
rodeavam Roma.
Augusto criou um sistema de comunicação e a urbanizou todas
as cidades próximas, então Roma passou por um período de paz.
Depois de Augusto os outros Imperadores continuaram as reformas
urbanas criando rede de água e esgoto e a construção de grandes edifícios e
crescendo a máquina estatal, e apesar da urbanização, o crescimento do
comércio, das manufaturas, a cidade continuava uma extensão do campo, pois
aqueles que detinham toda riqueza compravam mais e mais propriedades rurais e
não investiam em outras possibilidades.
Pesquisando esses dois povos que influenciaram muito
ocidente que vemos hoje, podemos perceber que apesar da busca de realeza,
poderio militar, conquistas territoriais, o que vemos são sociedades agrícolas,
escravazistas que se sustentaram durante anos nestes dois pilares.
Resenha sobre livro " O mundo antigo - economia e sociedade - Coleção Tudo é História.
Autora: Maria Beatriz B. Florenzano - Editora Brasiliense.