sábado, 31 de outubro de 2009

Sobre Germânia




















O Autor:

O historiador romano Públio Cornélio Tácito, mas conhecido por Tácito, viveu no período entre 55 d.C. - 120 d.C., nasceu e morreu no sul da França, no mundo romano parte da Gália

Embora os dados a respeito de sua infância e juventude sejam muito poucos, sabe-se que Tácito casou em 78 d.C. com uma filha do general romano Caio Júlio Agrícola.

Tácito realizou ampla carreira jurídica em 81 e chegou a ser magistrado criminal. Um pouco mais tarde, em 88, devido à sua experiência tornou-se magistrado que administrava a justiça e em 97, cônsul (magistrado supremo).

Seus dotes oratórios como jurista foram várias vezes reconhecidos, mas foi como historiador que Tácito alcançou a fama. Entre os anos 100 e 117, escreveu os "Anais", onde relatou a história dos imperadores romanos desde Tibério até a morte de Nero. Nas "Histórias", redigidas entre 100 e 110, recriou o período seguinte, que vai até o reinado de Domiciano Além dessas duas obras monumentais, Tácito escreveu a "Germânia" (em que trata da vida e da cultura dos povos germânicos). Como escritor, seu estilo combinava a clareza à eloquência e concisão
Devido ao declínio da literatura latina no final do século II, e durante a anarquia militar do século III, Tácito parece ter sido negligenciado como autor, para ser redescoberto apenas na Antiguidade Tardia, quando o grego Amiano Marcelino, por exemplo, inspirou-se nele para escrever uma história, em latim, da sua própria época. No entanto, no começo da Idade Média Ocidental, sua obra voltou a cair no esquecimento, para só readquirir notoriedade durante a Renascença. Em consequência destas oscilações na sua fortuna crítica, seus textos maiores chegaram até nós muito mutilados, de forma tal que os Anais, tais como podemos lê-los hoje, contêm apenas a descrição de parte do reinado de Tibério - a descrição do reinado de Calígula estando totalmente perdida - parte do de Cláudio, e a maior parte do de Nero - estando também perdida a conclusão da obra. Quanto às Histórias, seu texto preservado contêm basicamente a narrativa da guerra civil do ano 69, que levou à ascensão de Vespasiano ao trono imperial.
Tácito tem as características usuais do historiador antigo: o gosto pela moralização - ele é um severo juiz de caráter - pelas anedotas sobre os grandes homens, o mais absoluto desinterese pela microhistória, o desprezo pelo povo comum, e o amor aos discursos inventados ou remanejados (basta comparar a sua versão do discurso de Cláudio propondo a entrada de nobres gauleses no Senado com o original, que o acaso das descobertas arqueológicas nos disponibilizou, para perceber estes remanejamentos). Sua idealização, como senador que era, da República Romana, o cega para os traços positivos do governo imperial, e é a ele que devemos grande parte da nossa idéia pré-concebida da decadência moral de Roma. Mas ele é antes de mais nada um estilista, conciso até o ponto de ser ambíguo, e com um texto simplesmente lapidar de tão econômico, que parece nos dizer o essencial sobre qualquer situação.


A Obra:

A grande obra tacitiana acerca dos usos e costumes dos antigos germanicos, foi elaborada ao tempo de Trajano, em plena guerra.
Tacito quis comparar os costumes corrompidos dos romanos com os primitivos e rudes, mas sadios, dos antigos povos germanicos.
Tacito elaborou a obra no ano 98 da nossa era, isto é d.C., temos os povos germanos como personagem principal por que naquele momento fascinavam os romanos.
No estilo de uma carta enderaçada aos romanos que estavam em Roma para mostrarem o que cercava este Império que se desfalecia pelo desenvolvimentos desses povos.
Ele expõe a situação da Germania, desde a origem da sua população, até a natureza do solo; depois descreve os costumes germanicos e a arte bélica; e finalmente estuda os diversos povos germanicos em suas principais caracteristicas.


Análise:

Religião.
“...Entoam velhos cantos (que são sua única história e todo os seus anais) ao deus Tuistão, nascido da terra, e a seu filho Mano, como raízes e fundadores de sua nação. A Mano dão-lhe três filhos, dos quais tomaram nome os ingevões, que são os mais costeiros, os herminões, que ocupam o centro, e os istevões, que são os restantes ...”
“...Entretanto a ninguém, a não ser aos sacerdotes, se consente o direito de açoitar, prender ou matar: a pena não é considerada como castigo ou execução das ordens de um comandante, mas imposta pelos deuses que, como crêem, presidem aos combates.
Por esse motivo levam ao campo de refrega certas imagens e simulacros retirando-os dos bosques sagrados...”
“...Além disso, acreditam que o sexo feminino possui algo de divinatório e de profético, pois não desprezam seus conselhos nem deixam de cumprir seus pedidos. No tempo de Vespasiano, vimos Velada ser honrada em muitos lugares como divindade. Em outro tempo veneraram Aurinia e muitas outras, mas não por adulação nem para divinizá-las...”
“...Sua divindade mais venerada é Mercúrio. Para aplacar-lhe as iras em certos dias do ano julgam lícito imolar-lhe vítimas humanas. Aplacam a Hércules e a Marte com animais rituais. Alguns dos suevos também fazem sacrifícios a Ísis. Não pude averiguar qual a causa ou a origem desse culto, embora a mesma imagem, em forma de nave libúrnia , mostra que o culto é estrangeiro. Seja como for, pensam que encerrar os deuses entre quatro paredes e representá-los sob forma humana lhes parece contrário à majestade celeste. Por esse motivo, consagram-lhes selvas e bosques, e dão nomes de deuses a esses misterioros lugares que só olham com olhos reverentes...”
“...Nenhum outro povo leva mais a sério os augures e as adivinhações. A prática de tirar as sortes é simples: dividem um ramo de árvore frutífera em pequenos pedaços que, depois de marcados com certos sinais, são lançados a esmo sobre uma veste branca. A seguir, o sacerdote da cidade, se se trata de negócio público, ou o pai de família, se se trata de assunto doméstico, após haver deprecado os deuses, erguendo os olhos ao céu, toma de três fragmentos da haste, um de cada vez, e faz a interpretação de acordo com os sinais previamente impressos. Se as decisões são contrárias aos que se esperava, naquele dia não se realizam mais consultas a respeito. Se, porém, são favoráveis, requer-se a confirmação dos auspícios. É uso ali, também, consultar-se o canto e o vôo das aves.
Contudo, constituem auspícios peculiares desta raça os presságios tomados do relinchar dos cavalos. Estes animais são sustentados à custa do erário nas próprias selvas e nos bosques sagrados. Tem o pêlo branco e jamais foram profanados nos serviços dos homens. Atrelam-se a um coche santificado e o sacerdote, ou o rei, ou o principal da cidade, os acompanham e lhes observam o nitrido e o respirar. A nenhum outro auspício dão tanto crédito como a esta. Não somente o povo mas também os nobres e os grandes e os sacerdotes vêm nestes cavalos confidentes dos deuses, quando eles, na realidade, não passam de simples ministros...”
“...Os semones se dizem os mais antigos e os mais nobres dos suevos, e confirmam isso com sua religião. Em certas épocas do ano, numa de suas florestas, consagrados pelos áugures dos seus pais e por prístinos terrores — “auguriis patrum et, priscà formidine sacram” — congregam-se os povos dessa mesma origem e, sacrificando publicamente um homem, celebram a horrível instituição de um bárbaro rito. Praticam, do mesmo modo, outra superstição em honra desse bosque sagrado: ninguém penetra ali senão algemado como símbolo de sua própria fraqueza e afirmação do poder da divindade. Se por acaso o iniciado tropeça e cai, não tem direito de se levantar e prosseguir: rola por terra. Todas essas superstições têm por objetivo mostrar que ali está o berço da nação e que ali mora o deus dominador de tudo, a quem todos os demais se sujeitam e obedecem...”
“...isto é, a Mãe-Terra, cuja interferência nos negócios humanos eles acreditam, como acreditam também na visita que ela faz a todos os povos.
Em uma ilha do oceano há um bosque chamado “casto”, dentro do qual existe um coche coberto com um véu dedicado à deusa e que só pode ser tocado pelas mãos de um sacerdote. Este sabe quando a deusa está no santuário e reverentemente acompanha o veículo tirado por uma junta de novilhos. Então há dias de alegria e de festa nos lugares em que a divindade se digna a visitar. São estes os únicos momentos que não consagram à guerra: eles guardam as armas até o instante em que o sacerdote retorna com a deusa, ao templo, farta e cansada da companhia dos mortais. Sem demora, as roupas sagradas, o carro, o véu e, se é lícito acreditar, até a própria deusa, tudo se purifica nas águas de um lago secreto. Os escravos ocupados neste ofício são afogados na própria linfa sagrada. Daí o misterioso terror, a santa ignorância do que possa ser aquilo que só vêm os destinados a perecer...”
“...No país dos naharvalos existe um bosque consagrado por antigo culto. As cerimônias são presididas por um sacerdote vestido de mulher. Acreditam os romanos que ali se adoram os deuses Castor e Pólux, sob a invocação dos Alcis. Neste sítio não se vêem imagens nem vestígios de superstição estrangeira. Veneram somente dois irmãos jovens...”

Comentário:
Vemos religiões e rituais diferentes em várias nações germânicas algumas mais próxima dos romanos e outras tão diferentes entre si. São povos que dão ênfase a suas religiões e ritos e respeitam os deuses como vontade suprema e como aquele que dirige os vencedores e derrotados. Não constroem templos pois seus deuses são divindades como eles, em que a liberdade e natureza são elementos indispensáveis.

O texto é rico em detalhes sobre costumes religiosos, sociais, políticos e econômicos. Fala também da cultura militar e do seus exércitos, dos seus cantos de guerra. Fala de Justiça, Leis, Vestuário, Traços fisiológicos, Hábitos alimentares, Geografia e Calendário.
Vale também ressaltar que Tácito nos mostra como Roma se interessava pelas guerras entre eles oferecendo a alguns até apoio para assim eles nunca se unirem, com isso havia alguns reis dependentes de alianças romanas.
Ele em todo momento demonstra como algumas nações mais próximas comercializavam entre os romanos e cada vez mais estavam entrando dentro do Império.


Resenha de Henrique Rodrigues Soares sobre Germânia de Tácito

domingo, 25 de outubro de 2009

Germânia (98d.C.) por Tácito

















I


Toda a Germânia está separada das Gálias, da Récia e da Panônia pelo Reno e Danúbio; da Sarmátia e da Dácia por alguns montes e por seus mútuos temores. O resto é circundado pelo Oceano, abrangendo golfos espaçosos e vastas ilhas, com habitantes e reis que a guerra nos fez descobrir recentemente. O Reno nasce de um despenhadeiro inacessível dos Alpes Récios, e depois de torcer um pouco para o poente desemboca no oceano setentrional. O Danúbio, espalhado de um monte pouco elevado e de acesso suave no monte Abnoba, passa por muitos povos até que se lança ao Ponto Euxino por seis bocas, a sétima some nos pântanos.

II

Creio que os germanos são naturais da própria terra e que jamais se mesclaram com a vinda e hospedagem de outros povos; pois, antigamente, todos que emigravam não iam por terra senão por mar e são raros os navios que de nosso mundo se aventuram a penetrar no Oceano imenso e, por assim dizer, oposto ao nosso. Ainda sem o perigo e o horror de um mar desconhecido, quem abandonaria a Ásia, África ou Itália para dirigir-se a essa Germânia áspera, de clima duro e de aspecto tão ingrato, não sendo para seus naturais?

Entoam velhos cantos (que são sua única história e todo os seus anais) ao deus Tuistão, nascido da terra, e a seu filho Mano, como raízes e fundadores de sua nação. A Mano dão-lhe três filhos, dos quais tomaram nome os ingevões, que são os mais costeiros, os herminões, que ocupam o centro, e os istevões, que são os restantes. Alguns, porém, baseados em tal antigüidade, aumentam o número dos filhos do deus e aludem à denominação de mares, gambrívios, suevos e vândalos, afirmando que estes são seus verdadeiros e primitivos nomes e que o de Germania é novo e foi incorporado há pouco, pois os primeiros que passaram o Reno, desalojaram os galos, e agora se chamam tungros os que se chamavam germanos, de modo que um nome que era só de uma parte do povo foi prevalecendo até o ponto em que, desta denominação, tomada a princípio pelos vencedores para inspirar terror, e adotada depois por todo o povo, chegaram todos a chamar-se germanos. Também falam que houve entre eles um Hércules, a quem cantam como herói sem par quando se dirigem ao combate.

III

Possuem também outras canções que chamam bardito, cuja entoada anima-os ao combate e anunciam à boa ou má fortuna que vai ter lugar, segundo o efeito que lhes causa o som. Mais que harmonia de vozes, aquilo parece ser a expressão de seu valor, pois procuram sobretudo produzir um som áspero e um murmúrio entrecortado e colocam o escudo à boca para que a voz ressoe e fique mais cheia. Dizem alguns que Ulisses, ao chegar a esse Oceano em sua grande e fabulosa viagem, chegou à Germânia e fundou e deu nome a Arciburgio, cidade situada às margens do Reno e que ainda está habitada. Dizem que foi encontrado um altar consagrado a Ulisses com o nome de Laertes, seu pai, e que ainda existem nos confins da Germânia e da Récia alguns monumentos e tumbas com inscrições gregas. Não tenho intenção de confirmar nem de refutar com argumentos estas notícias; cada um pode dar-lhes crédito ou não segundo sua inclinação.

IV

Sou da opinião dos que crêem que os povos da Germânia não se alteraram por casamentos com nenhuma outra nação e que são uma raça singular, genuína e semelhante só a si mesma. Portanto, possuem uma perfeita analogia de figura entre eles, ainda que tão numerosos; são de olhos azuis e selvagens, de cabelos ruivos, corpo avantajado e forte só para o ataque violento, mas não suportam com resignação os trabalhos e as fadigas, metem-lhes medo o calor e a fadiga, todavia toleram a fome e o frio por afeitos à avareza e à inclemência do clima.

V

Este, se bem que desigual em algumas regiões, é universalmente sombrio pelos muitos bosques que o formam e desagradável pelos muitos pântanos que o encharcam. Para o lado das Gálias é mais úmido e mais exposto aos ventos para o lado da Nóvica e da Panônia. É fértil em grãos porém, não em árvores frutíferas. É fecundo em rebanhos, mas de proporções reduzidas. Os bois não apresentam pela conformatura e os adereços que lhes ornam a fronte são pobres no tamanho. Amam a abastança e são estas já citadas as suas únicas e mais gratas riquezas. Não sei se foi por mal ou por bem, o certo é que os deuses lhe negaram o ouro e a prata.

Contudo, não me atreveria a assegurar não existia alguma mina desses nobres metais. Quem, porventura, já o investigou? O fato é que eles não lhes emprestam o valor que lhes dão os demais povos. Entretanto, vêm-se ali vasos de prata que costumam presentear os seus embaixadores e príncipes. Porém, não os estimam mais do que se fossem de barro. Sem embargo, os que vivem em nossas fronteiras, tendo em vista o comércio, apreciam o ouro e a prata e, por isso, selecionam algumas espécies das nossas moedas. Os do interior, atendo-se à velha usança, permutam as mercadorias com a maior simplicidade, trocando umas coisas por outras. Preferem a moeda de cunho antigo e, por esta razão, mais conhecida como serratos e bigatos e se inclinam mais pela prata do que pelo ouro, não em virtude de pontos de vista particulares, mas porque as moedas de prata é dinheiro mais cômodo para os que mercadejam objetos comuns e baratos.


Os cinco primeiros capítulos de Germânia de Tácito.

O historiador romano Públio Cornélio Tácito, mas conhecido por Tácito, viveu no período entre 55 d.C. - 120 d.C., nasceu e morreu no sul da França, no mundo romano parte da Gália.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A Civilização do Ocidente Medieval – Jacques Le Goff


O autor nasceu em janeiro de 1924, na cidade de Toulon (França), e é considerado um dos maiores medievalistas do mundo, pertence à velha escola francesa que une história à geografia, tornou-se figura chave da escola dos Annales por ter conseguido integrar à reflexão sobre o espaço e o tempo da dimensão humana. Escreveu diversos livros que se tornaram clássicos. Em 1972, sucede Fernand Braudel na École dês Hautes Études em Sciences Sociales, e nela permanece até 1977, cedendo seu lugar a François Furet.
Atualmente Le Goff dedica-se à orientação de alunos em antropologia histórica medieval, e participa do programa televisivo “Lundis de I’Histoire”, no canal France Culture.

Na introdução do livro Le Goff explica que centralizou seu trabalho na Idade Média Central, isto é, nos séculos 10 a 13 d.C. um momento de escolhas e decisivo para Europa Ocidental. Esse tempo viu nascer à cidade medieval diferente das cidades antigas, o arranque da economia monetária, as inovações tecnológicas que influenciaram o crescimento rural, o artesanato pré-industrial e a construção em larga escala.
A fabricação de relógios e bússolas marca o tempo e a distância. A Igreja exerce sua influência criando uma doutrina nova “o Purgatório”.
Um tempo de violência, fome, temor religioso e lutas sociais.

O começo fala sobre a instalação dos bárbaros, o autor fala dos grupos como Normandos, Lombardos, Visigodos e outros que começam a desestabilizar o Império Romano que começa seu fascelamento apartir do 3°séc., pois as classes mais pobres de Roma prefere o domínio dos bárbaros do que a exploração das classes dominantes romanas, então com isso a resistência é quase uma entrega voluntária a esses novos conquistadores que vivem numa guerra constante sem uma liderança máxima até o inicio do Império Huno de Atila e no séc. 7° o aparecimento do Islã criando uma reviravolta no mapa do ocidente.
É importante ressaltar que toda essa crise criada com a devastação econômica, demográfica e social dado às invasões bárbaras, houve definhamento das cidades e uma ruralização forçada com os pequenos submetidos à servidão aos grandes proprietários e um modelo de hereditariedades de profissões e encorajando aos grandes proprietários a fixar nas suas terras colonos.
A Igreja toma lugar de destaque consolidando o primeiro Papa, tomando parte nos conselheiros dos monarcas, e pregam o fim do mundo e que o homem se apegue as coisas espirituais.
No séc. 8º o Ocidente tem o seu poder unificado por Carlos Magno no Império Carolíngio, são o começo com uma organização germânica validada na fidelidade vassala, nos séc. 9º e 10° os povos do Norte entram no cenário, os Normandos nas Ilhas Britânicas e os povos Vikings que saqueiam os trajetos e algumas cidades. Mais o maior problema deste inicio de organização está no conflito interno pelo poder que é continuo e pelas rivalidades econômicas e étnicas que começam a tomar forma e ficam depois por toda história da Europa. Os séc.11º a 13º viram o crescimento populacional com firmamento da agricultura medieval, construção de pequenos diques e fundação de novas aldeias.
A Cristandade se expandiu no Norte e no Leste apesar do Cisma de 1054 em que a Igreja dividiu o Ocidente do Oriente, países que estavam caminhando para o paganismo reforçaram sua fé no Cristianismo. Começaram também as Cruzadas contra o Islamismo e também as rivalidades nacionais nascentes neste período, que acentuava a hostilidades entre Latinos e Gregos. No inicio as cruzadas eram internas trazendo de volta países como a Espanha que havia se tornado islâmica, e depois sim as cruzadas para Jerusalém numa guerra santa contra o Oriente.
A Igreja teve um papel importantíssimo no desenvolvimento do comércio, mudando a mentalidade greco-romana sobre os comerciantes que eram mal vistos pelos senhores feudais, e também serviu de motivador a abertura de seus tesouros guardados no período anterior, pois estava se vivendo escassez de recursos e falta de investimentos.
As cidades que nasceram na Europa e continuam em destaque são na suas maiorias erguidas na época medieval, às cidades antigas tirando Roma perderam seu poderio político econômico e por volta do séc.12º houve a necessidade do cunho de moedas para atender a demanda do comércio que deixou de ser à base de trocas e que mudou seu itinerário fugindo das rotas terrestres inseguras, sujeitos a todo tipo de perigos para rotas marítimas desenvolvendo assim os portos.
Com o renascimento urbano, a educação desenvolve criando os primeiros centros universitários fora da Igreja, o estudo e o ensino viram um oficio e o livro começa a ser difundido.
Nesse tempo a Igreja enfrenta mais uma crise, os Valdenses que são expulsos por serem os mais críticos, a criação da ordem de Francisco de Assis para silenciar as camadas eclesiásticas contra a riqueza do clero, tudo isso, por causa da popularidade alcançada por este grupo de padres. Outros movimentos são calados nas fogueiras e nos tribunais da Santa Inquisição, derrubando cada vez mais a imagem da Igreja e do Papa. Fora as batalhas contra reis ou regiões que aderiam ao paganismo e o islamismo.
Vale lembrar que as revoluções políticas, econômicas e religiosas tiveram seu nascedouro neste período teocêntrico, em que o homem dormia com o medo da ira divina.
No fim o mundo medieval estava deixando o feudalismo clássico e fortalecendo as monarquias, os estados, as nacionalidades, sabendo que estes povos enfrentaram a peste negra uma epidemia que assolou todo o continente europeu.

Henrique Rodrigues Soares sobre o livro do titulo da Editora EDUSC